sexta-feira, 25 de junho de 2010

primeiro andar. do verbo andar. - parte II

de repente senti saudade.
saudade de escrever errado, de poder escrever errado sabendo que ninguém iria questionar quaisquer deslizes.
saudade daqui, de você e de mim.
de repente me perdi em vias que me diziam para seguir, procurei as placas de pare, mas todos os semáforos estavam me mandando continuar. será que fui longe demais? por que perdi todos os retornos?
então, assim, deste jeito de mansinho, calado e falando aos pouquinhos, que decido rebobinar.
não sei se foi acidente ou o que me fez parar.
talvez tenha sido alguém, ou a falta de. ou não.
mas na próxima freeway há um posto de informações. não é 24h; mas, com sorte, ele estará aberto e alguém vai me dizer pr'onde ir.

ai. cansei de acelerar sozinho.
e, de repente, senti saudade de aprender a andar.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

post temporario de forma atemporal.

toda vez que houver duvida, dê o primeiro andar para que o novo não seja sempre o igual. e por tornar tantas variáveis uma linha fina e retilínea, acabara por descobrir um certo alguém. um alguem que, de tão certo, te fez errar.
um certo alguem que foi melhor não resistir. chorar e rir daquela paixão abrupta que abriu teu coração e encheu de mim. e se encheu de mim. brigas por eu querer te assistir demais.
e por que a cada suspiro meu, você não tentou chegar mais perto?
e por que a cada movimento meu, você não andou com teus passos mais juntos dos meus?
e por que a cada passo que eu dei, voce nao brincou qualquer brincadeira que me provasse teu amor?
eu via que voce pertencia a mim. mas hoje meu coração dói a cada passo teu, a cada sorriso teu, a cada palavra não dita e a cada insulto falho de sussurras.
hoje eu vejo que não era amor.
hoje eu vejo que sequer era paixão.
hoje eu vejo que não era teu sorriso.
hoje eu vejo que voce não era nada do que eu pensava.
agora, depois te tudo o que eu fiz, vejo que voce é muito mais do que isso.
e, por mais que voce não acredite, tudo o que eu falei a voce hoje foi a maior prova de amor que ja fiz a alguem.
porque hoje eu vejo que voce é o amor da minha vida, por mais que eu odeie saber disso.
e porque hoje dou uma facada em meu peito, para sofrer agora com a dor do silencio, com a dor da perda de quem apunhala por amor e morre por este. porque, de todos, foi você. porque o destino foi cruel, porque nao consegui mais ficar sem. porque o vício só aumentava. porque o amor só crescia. porque meu portugues se perdia, a ousadia redimia-se e o teu cheiro parecia cada vez mais longe, somente em versos de uma poesia incomum.
e, finalmente, acabo com minha vida para que todos então saibam que, embora tão cedo, morrerei por amar demais.

...mas mesmo de longe, agora não tão Meu, mas ainda Pequeno-grande-amor, eu sempre estarei assistindo você. e deixando o sting cantar de longe a quote mais atemporal de minha vida: I'll be watching you.

O ano ja está quase acabando, né, gente?

Como fazer um balanço do ano que passou se, de tantas coisas, acabarei por me esquecer de diversas coisas que, de fato, foram deveras importantes?
Dois mil e nove ja se fora ha duas semanas, e já nessas duas semanas minha vida parece ter percorrido anos-luz ao invés de quinze dias.
Essa inclusão digital... Maldita? Ah, não importa. O certo é que daqui a pouco 3 minutos vai ser muito pra Miojo, da Terra à Lua serão somente alguns segundos, metrô vai demorar uma eternidade e bicicleta será a jato.
Enquanto isso, no lustre do castelo, é quase 2011... E eu continuo devagar, ainda achando que o meu devagar ja é rápido demais.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

good to be true

porque de sentimentos nus e crus criou-se a verdade.
inconstestável. pondera sentimentos os quais outrora desvairei-me à procura.
e agora, possivelmente neste momento, fechas teus olhos e deparas-te com minha sombra em teus pensamentos.
é sonho. (de) doce de leite ou goiabada. a padaria mais próxima abre às seis. a fornada mais nova sai às 7.
e eu espero tudo isso. e te espero.

domingo, 29 de novembro de 2009

Para Todos os Adultos

O advento da televisão trouxe informação. A criação dos automóveis encurtou as distâncias. Os eletrodomésticos facilitaram nossa vida. Guerras começaram e terminaram. Mortes. Conquistas, desenvolvimento, evolução. E a moda caminhou ao lado de todas essas transformações, absorvendo culturas, tradições, pensamentos e tecnologias, aperfeiçoando-se e tornando-se algo intrínseco ao ser humano.

Hoje vivemos o revival do luxo dos anos 20, das formas dos anos 40, das cores dos anos 80; porém, convivemos com o aquecimento global, com as tragédias diárias, com o desmatamento desenfreado e até mesmo o sonho utópico de um mundo melhor já se tornou insólito nas mentes dos adultos do futuro. Se a moda está tão presente em nossas vidas há tanto tempo, haveria de adequar-se à situação crítica que o mundo presencia hoje. Para isso, novas tecnologias foram criadas, tecidos recheados de conscientização foram apresentados e estilistas do mundo todo provam que não há futilidade, e sim preocupação por parte do Design de Moda, ao, a cada nova coleção, se mostrar sempre mais preocupado no que diz respeito ao ecologicamente correto.

Aliado a essa tanta importância com o meio ambiente, desvendaram-se possibilidades que comprovaram o fato dos tecidos tecnológicos, cada vez mais, terem ganhado seu lugar cativo na preferência dos estilistas e dos consumidores atuais. Mostraram-se vantagens no uso destes tecidos, como um melhor desempenho nos esportes, maior comodidade e conforto a quem usa tais criações e sem falar no fato da consciência de preservação acerca de todo o ecossistema natural da Terra.


Destarte, a moda permanece com sua condecoração de ativa preocupada e seguidora do cotidiano mundial; por mais que o revival das décadas passadas esteja nas ruas, não está em cópias fiéis do que se era vendido anos atrás. Uma releitura foi feita, deixando lacunas nas roupas que já foram tendência do passado. Porém, lacunas estas preenchidas ao carregar consigo os adicionais do presente, através do pensamento de preservação ecológica.


Por fim, dizem ser a moda a formadora de opinião, demarcadora de território e ditadora de tendências. E realmente ela é e faz uso desse poder ao mostrar para o mundo o problema que o planeta enfrenta atualmente, gerando soluções e deixando uma marca indelével na cabeça de todos os adultos de hoje sobre a legitima preocupação em melhorar a vida de seus descendentes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Primeiro andar. Do verbo andar.

Como você agiria se de repente alguem surgisse em sua vida e a deixasse de pontacabeça?
Tocar o céu sem tirar os pés do chão, alçar os mais altos voos sem esquecer da hora de pousar. E a multidão lá embaixo? Olhares baixos, que se encaixam numa assonancia cheia de consoantes desiguais.
Sei lá, ele não sente mais graça nas coisas. O relógio anda de 61 em 61 minutos e as horas começam à zero hora, a cada dia. As músicas cantam mais alto, a agonia, o som ecoa no asfalto e vai longe, em sintonia. Unge seus pensamentos e vai até seu estado, subindo em direção ao sudeste, sul com leste, que investe tanto em querer outrem. E os ventos que vem do sul, violentos, sonolentos, que sopram até tão longe, e, sedentos, perdem o sono na madrugada... Eles chegam até você?
Hoje ele descobrira que o passado ja passou. O presente é agora, não demora, às 19:19. E o futuro é o que ele mais anseia, não perdoa o que permeia a pensar que daqui algum tempo ja serão 20:20. Até alguns minutos ele pensava no que escrever. Agora, tem certeza de que não sabe fazê-lo. Intangível, perceptível que não consegue. Insólitas rimas que rimam sentimento; isso nunca acontecera antes, movimento oblíquo, infante, solstício recheado de estranhezas de um sotaque diferente. Sotaque este que desceu em poucos dias de lá pra cá, desconhecendo consequências, baseado na presença, mesmo que imaginária, do indubitável desconhecido. Retorcido e lembrado, outrora esquecido por simplesmente desconhecê-lo.
É tudo tão desigual que se torna semelhante. Desata os laços, entrelaçados com virtudes em comum. Reata o sentimento, pérfido sentir, ofegante e nada volátil, retrátil, flexível.
E ele precisa andar, acabar com o distante, pensante, viajante, de lá pra cá, aqui. Precisa ir por um caminho só, sozinho, e vai buscar alguém. E o diferente a que ele tanto se refere... tsc, nem ele sabe quem é. Mas quem liga, se isso é tão bom de sentir e sonhar?
Falando em sonhar... Ele, de repente, sem medo de arriscar, num golpe rápido e seguro, com os dedos dormentes de estalos indecentes, imaturos, perante aos olhos maduros e racionais, resolve dizer: guarde um sonho bom pra mim. Só assim você vai descobrir que eu fui feito pra você.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

15:15

Alguém se empolga fácil. Eu também.

Jamais ouvira algo obscuro, jeitoso ouvir assim obediente.
Métrica, imagens laicas também observavam nada.
e Minhas ideias litigiosas temiam o não.
Que depois de horários iguais, de reais tentativas e fictícios sonhos ante aos fiéis desejos, meus olhos, gênios e geniosos, leem:
- Tá, vou tentar, mas não vai se acostumando não.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Exagerado

[...] e é quem tem uma palavra sob medida
quando estes mesmos olhos
estão amplificando tristeza interior.

Demarcado por descompassadas melodias, ele ouve as músicas do século passado com o mesmo entusiasmo de um lançamento amplificado nas paradas de sucesso. A morte tarda - ou não. A vida custa, e cursa em dilemas, poemas com morfemas cheios de vocábulos incomuns.
E aquela velha e farsante historia de que a lua ilumina? É o sol quem aquece.

O sol é o mesmo, tanto a mim quanto a ele.
Correções módicas, insólita sabedoria de quem vive cá e lá.
Porquanto não sabera, desconheceu toda uma vida a qual chamei de minha.
Enquanto não me viveu, desvairou-se à procura, sem procurar precedentes.
E então achou. Achou-me e achei.
Aquilo que nunca se procurou, mas sempre quis ter.
Aquele o qual, tal qual sobrevive ao sudeste torrencial, deleita-se entre concursos anuais de quão parecido é ao que nunca soube quem era.

E ele é o sol. Que vem de longe, sul abaixo. Que sobe a serra, pico acima.
E ele sou eu.

De tão perto, distante.

O corpo suado já não surtia mais prazer. O calor curtido naquele quarto mofado onde as paredes gemiam ao anoitecer fora-se para outro corpo qualquer, que àquela porta, cuja dobradiça enferrujava num grunhido agonizante, deixava não só seu prazer em forma de ancestrais dentro dela, mas também a esperança de que todo aquele tormento terminaria.
Seus cabelos loiros, falsos de fetiche; suas raízes, negras como breu. Eclipse o qual entranhava os sentidos, gritos de quem paga, omissões de quem sofre. Corpo que seduz, sentidos que aguçam, pernas torneadas onde saltos e saias delimitavam o percurso a ser seguido. Uniformemente o uniforme era aquele. O menos possível para causar a máxima repercussão possível.
Rotina incisa, que incessantemente tornava o dinheiro ora dentre o sutiã, ora dentre o espartilho, repetia-se, indubitável e pleonasticamente por todas as madrugadas. A troca de olhares, a revista clínica, a troca de palavras – sempre breves -, o quarto, os lençóis, as expressões, as calças que iam ao chão, vestimentas jogadas e o jogo que começara com um fim marcado e sabido.
Franca franqueza da fraca mulher, afiada feito faca, frágil com sua farda, fabulosa ousadia. Tremendo poderio, que transformava prazer em reais. Discrição era lei, promiscuidade idem. Palavras não tão carinhosas entreolhavam-se perante o colchão, escalavam o travesseiro, agrupavam-se por frases até os ouvidos dela.
- Cachorra, vagabunda - Sente aqui, vadia - Desce logo, engole tudo.
Falsos prazeres, mascarados por fantasias da morte. Morrer seria procrastinado pela súbita morte de não poder cometer seu próprio suicídio. No entanto, depois de longos árduos anos de sensualidade, ela já não era mais a mesma. Certo vulgar a engravidou, certa barriga crescera, certos seios caíram, certa excitação pôs-se um fim em si própria.
Anos que corriam e lá estava ela, na mesma rua a espreita da espera. Um trocado já bastava. A saia estava justa, sinal de coxas grossas? O sapato lascado, sinal de trabalho? O espartilho já enfraquecera os elásticos de ferozes e vorazes mordidas de caras quaisquer. Sinal de sacrifício.
Estava decidido. Anos de sacrifício finalmente trariam uma recompensa: o seu sacrifício. Era cedo, o sol ainda intimidara-se pelo desgosto de ver encenação de orgasmos voluntários. O jorro do prazer ainda estava dentro dela, o filho de doze anos ainda estava a dormir. Com uma arma apontada na nuca, ela, sem nome, finalmente conseguiu ser feliz. Longe daqui.

domingo, 25 de outubro de 2009

Who knew?

Meus objetivos não serão cumpridos com esse post. Ainda assim vim escrevê-lo a fim de desabafar mesmo, afinal, depois de ontem, desabafar para meu alívio é, de fato, o que me resta.
Lembra quando eu falei que idade não era nada? Que diferença etária passava a ser otária quando o assunto era o amor? Odeio dizer isso, mas me enganei - e me enganei feio.
Se você é daqueles que acredita ser a beleza o maior e melhor atributo em alguém, nem me procure. E mesmo se você acreditar que se vestir bem e ter dinheiro pra cinemas, bebidas e closets recheados de roupas estilosas é o que mais importa, sigo o mesmo pensamento e mantenho a distancia. Não é ser piegas, e eu falo sério, mas quem é meu amigo sabe que eu não valorizo nada disso. O que eu quero é cumplicidade, carinho, sinceridade. Respeito, acima de tudo.
É complicado você depositar tantos sentimentos em alguém que se mostrou completamente oposto a isso tudo, e avesso a sequer uma pontinha do iceberg da consideração.

Pra ser sincero, escrevi esse primeiro parágrafo logo que entrei em meu quarto, ontem de madrugada, mal e só. Agora, relendo, vejo que está incompleto. Mas não sinto a menor vontade, não tenho o menor empenho de continuá-lo. E isso se dá por alguns motivos... Percebo que incompleto são os módicos - leia bastantes palavras difíceis, assim quem sabe você aprende e entende o que eu digo - do coração, que acham que precisam de alguém para se sentirem um só. Ao contrário disso, depois de ontem eu aprendi que fui durante muito tempo esse tal módico à espera de alguem que me completasse. Agora não mais. Eu quero alguém que some. Ou multiplique. E você é divisão, subtração traduzida em perda de tempo. Quero alguém que acrescente qualquer coisa boa em minha vida, e não só uns beijos perdidos na sessão de fim de tarde do cinema mais proximo.

Pra quê um filme de amor se quem escreve a história não sabe o que é amar? Protagonizar beijos cheios de paixão são coisas de atores veteranos e especialistas. E sim, você atua muito bem. É, precisa ser um otimo ator pra conseguir me enganar por seis meses num filme que parecia não ter fim. Contudo, agora, neste exato momento, os créditos finais acabam de aparecer.

Não, não queria mesmo ter escrito isso. Porém, como todo grande sucesso de bilheteria, talvez haja uma segunda parte dessa história. Não precisa ser ligada a primeira, ou se for, que remeta somente às coisas boas. Pode ser recheadas de aventuras, perigos e outras frases de sessão da tarde. Mas com um pré-requisito. Que o mocinho não seja tão imaturo, hipócrita e omisso como você é hoje.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Abra-te

A porta estava trancada. Sentou-se vagarozamente, o medo não permitia que a tela, tão diáfana para alguns, fosse tal qual a ele. O brilho enchia sua face com a juventude exposta em tecnologia. Suas digitais eram gastas incessante e idoneamente, a fim de que ficasse afim com alguma nova expectativa que surgira num dia de chuva como hoje.
A brisa aumentara e rajava na tormenta tornando o quente corpo frio e impermeável. Afinal a chuva caia sem o molhar. A porta estava trancada. A chuva não passava pela vidraça vedada e escurecida pelo breu trazido por blecautes espalhados pelo quarto.
Antes de começar, verificou a porta outra vez. Teve certeza de que estava isolado do resto, sozinho, consigo mesmo e sem dó, apenas só, partiu. Foram quase cem minutos sem piscar, cem lágrimas, sem choro. Centenas de coisas passaram por sua cabeça, seus amores, devaneios, das cartas aos beijos, das promessas aos cheiros. Lembrou-se dos planos, dos meses, dos dias, das horas e dos minutos que perdeu ou ganhou por sentir o que alguns arriscam chamar de amor. A porta estava trancada e ninguem podia ouvi-lo. O mundo era só dele, e seu mundo era aquele. Piedoso, impetuoso, real e ficticio, desigual e antitésico numa fiel semântica, provável física quântica, memória influenciada pelos cem minutos sentidos e absortos feito algodão.
Por que as coisas dão certo aos outros e não a mim - pensou. A porta tentou abrir-se cortando sua maré sentimental dos cem minutos sentado sem ao menos se lembrar de que sem a chave a porta não era aberta.
- Abre a porta? - disse alguém.
Preferiu não responder, não queria ser incomodado diante das venialidades explanadas e das iluminuras cinéfilas que extrapolavam as imagens assistidas.
- Abre. Eu quero entrar.
Preferiu não responder. Não queria abrir. Não tinha jeito, restavam poucos dos cem, mas que sem os poucos de jeito algum aquela porta seria aberta. Dela, ouviam-se algumas vozes. Vozes que por sí sós espalhavam-se diante dos filetes de madeira, dos cupins, dos choupins que entregavam-se na vastidão do desamor.
A porta estava trancada.
Os cem minutos esvaziavam-se, desvairavam-se e eram aniquilados pelo tempo que correra num piscar de olhos depois de estar por cem momentos sem piscá-los. De repente levantou-se. Olhou para si próprio, piscando mais cem vezes, sem parar. Debilitado de força física, provou a sí proprio que era insólito perante os olhos de tantos - e muitos. Revidou um soco dado por ele mesmo noutro dia depois de sentir-se sozinho. Sabe, acho que foi deveras suficiente para que uma retrospectiva percorresse seus olhares e sob estes, por fim, tomou a difícil decisão do dia - quiçá da vida.
A porta não estava mais trancada.
Cercada por outrem apoiado em sorrisos brancos refletidos no verde intimado, por tanto procrastinado, inalado em cem vezes sessenta segundos de esperança, agora sim, a porta estava aberta.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O fim não é em vão.

Perdido, insanguentado, fora encontrado diante de sí mesmo, por sí mesmo, ao olhar-se no espelho. O calor que correra sob suas veias, congelara-se. O suor caia ao chão, mas despedia de sua face, seco e fresco. Tentara levantar-se. Em vão. Despido de pudores, caminhou rente ao teto e olhou-se de cima. Ja estava fora de sí.
Ao chão, avistava, sob olhares túrgidos e abaláveis, um copo, papéis, isqueiro sem cigarros, sangue e seu corpo.
O que acontecera ele não sabia explicar, resolveu correr dali, transpor paredes e livrar-se dele próprio. Avoado, voou em direção sem rumo, ou melhor, sem direção; e, por menos entendido que estivesse, de lugar nenhum chegou a algum lugar.
Aquela casa. Aquele cheiro. A porta de marfim reluzia, parecia diáfana e por ela passara sem problema algum.
Os sofás dúbios, as gélidas paredes, os quadros quietos de vozes caladas em expressões que tinham algo a dizer. Perguntou a eles, ora essa, aonde estaria naquele momento? Nada era estranho; tudo, contudo era inconcebível. Queria o material, a matéria viva, tocada, inalada, envolvida por seus braços.
As escadas mórbidas, os talheres prateados, os copos escuros, mal lavados. Olhares oblíquos e dissimulados, pérfidos e calculados, pareciam estar, de longe, vasculhando-o. Corria rápido feito guepardo, apressado como o coelho atrasado num País sem Alice nem Maravilhas.
Subiu aos céus, da chaminé à lareira, ladeira abaixo, incendiou os cômodos. Em vão. Acendeu o gás, afixia? Em vão. Ele não era mais terreno, quiçá sereno, de sentimentos pulsáteis num coração funcional. Percebia que nada mais valia, validade temida que chegara ao fim.
Passeou pela casa, sem fotos nem nada. Notou-as faltar. Vasculhou armários, guarda-roupas, gavetas foram ao chão. Em vão. Tudo sumira dali, nada restara de ti.
E conto-te tudo agora, mesmo que por fugires para longe sem deixar ao menos palavras de Adeus, mereces saber de tudo. Abortou-se em sua vida, hostilizada por teus sentimentos. Repasso-te as últimas palavras dele, que ao vê-lo morrer, escutei e deixei-o lá, a fim de que sozinho, prestasse a sí próprio o resquício do que sentia por ti.
Lentamente.
Letargicamente.
Sutilmente.
Fielmente.
Com a mente voltada a ti, pensando em ti, desejando somente o teu amor,
Morreu por amar demais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Desafino

Deu vontade de fazer um post horrível.
Indelével, inteligível, com gosto de hortelã.
Maçã do amor, glicose pura,
E, quase por hipnose, levar-te na dura rua.
Crua, nua, dela, tua.


Quisera ser a rua tua, minha.
Volúpias abruptas, violando meu sonho.
Sonha sem medo a sua frase atemporal.
Enfadonha, tristonha, canta largo à meia-lua

Ela ama sem a vergonha, que bisonha, flutua.
E sob névoa negra, acena e despede-se.
Ela beija sem o medo, que por desejo, cultua.
E por mim, liberto; nada impede-se.

Frases dúbias, duplas
Anelares rústicos, incessos.
Canto certo, maciço, incerto, perverso.

Três versos chegam
Três vozes clamam
Três palavras ecoam
Três vezes me chamam.

Pronomes aos verbos se ligam
Eu te amo, di-lo-ei diluído
E os três sentidos se desligam,
Sem som, sem dó, sem tom.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O amor é o calor?

Minha revista Elle chegou hoje. A capa dá a manchete: Hits do Verão. Tudo que a Elle ama e você vai usar já! O dia foi quente, fui até de bermuda para a faculdade. Reparei como minha perna está branca. Passei duas horas dentro de uma loja carioca num shopping daqui de Floripa olhando estampas e mais estampas, tecidos e cores que me remetiam a uma só lembrança: o Verão. Entrei no carro depois das compras e deu até pra sentir aquele ar quente logo que abri a porta. Sinal de que o tal Verão já está aparecendo por aí. Ainda espero ir à balada sem casaco. Nao gastar três reais no guarda-volume, afinal, é Verão. Não vou sentir frio às 5h ou 6h da manhã. Dar adeus ao incômodo do sobrepeso. Dar as boas-vindas às palavras-chave da estação: forno, sol, cor, sorvete, praia, bronzeador (e por aí vai).

E de pontuações breves e bem pausadas deram-se início às palavras de ordem do dia (as quais devo escrever aqui?) e à pontinha do sol que me esquenta um pouco mais.

Não sei se eu gosto do verão. Mas tenho boas lembranças. Minha vida começou no verão, os dias no verão são mais intensos, pró-ativos. Minhas férias, meus amigos, as pessoas que a gente conhece no 'calor do momento' e às vezes nunca mais vê na vida. Aqueles tantos sorrisos, cantadas pobres ou risadas desumanas de quem acabou de tomar um despreocupante banho de chuva - afinal, é verão.

Acho que estou ansioso pra este verão. Meus dezoito anos farão dele um tantinho mais aproveitável do que o do ano passado. Quiçá eu adquira mais responsabilidade - obrigatoriamente e contra minha vontade -, ou o alcool nem esteja tão abstido dentro de mim.

Tanto faz, pouco importa. O que mais espero do verão são seus amores. Meus amores. Intensos, vorazes, fugazes, propensos ao rápido fim. Dissipam-se na rapidez um relampago, têm suas lembranças por toda uma vida. Esperar dos amores um contínuo amor com A maiúsculo que comprove continuidade e amor-amado? Ah, fico na esperança. Desejo do improvável, maciço sentimento o qual enlaça o mormasso. Fissura do sorriso que disfarça o desejo, almejo tal sensatez que perdure após às sombras. Que se suponham e oponham ao sentido, que sinta o que sinto, em igual fluxo, para que se unam até o começar do outono. E depois dele também.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

E no calor do momento, ponto pra impulsividade.

Hoje foi um dia atribuladíssimo (e complicadíssimo também).
A aula de Sociologia da Comunicação foi uma droga - as always - e o Universo Jornalístico realmente parece me dar um pé-na-bunda. Sim, ja chegam de pautas. E ja chega de fingir que eu to feliz indo pra aula e almoçando no R.U. Ah, quisera eu que o problema fosse somente o R.U. "...Hm, hoje to mal porque a carne do restaurante universitário tava cheia de gordura". E vivam as ironias despedaçadas pela madrugada.
Fugi da aula e fui ao shopping. Comprei. Comprei mesmo. Só não voltei com vinte e oito sacolas de vinte e oito lojas diferentes porque minha mãe ia me esganar caso soubesse que tirei o dia pra gastar tudo o que eu tenho - e o que eu nao tenho - de dinheiro (aqui caberia uma risadinha, afinal eu rio imaginando a bronca que consegui evitar enfiando calças e camisetas dentro da minha mochila antes de entrar em casa).
Sabe, ontem eu tava conversando com um menino pelo messenger e a humildade dele me surpreendeu. E é dedicado a ele tudo o que eu escrevo hoje aqui.
Tenho certeza de que a humildade ainda não é o meu forte. É clarividente que to longe de ser o cara mais dotado de tais qualidades humildes. Tá, também é certo que não sou o mais fútil e alheio aos problemas que me cercam; mas me tocou saber que enquanto eu compro uma black skinny nova e camisetas fora da promoção, há pessoas que se alimentam durante todo o mês com o dinheiro gasto hoje por mim.
Eu queria fazer alguma coisa. Distante da abstinencia de shopping, afinal deixar de ser um shoppaholic não está em meus planos; contudo, acho mais do que válido fazer um balanço da vida e pensar que a minha é muito melhor do que a de muita gente.
E que mesmo sem viagens à Inglaterra, França e outros cantinhos europeus, sem as marcas mais cobiçadas do mundo e sem todo o luxo que, francamente, todo mundo ja pensou em ter um dia, eu me sinto totalmente realizado com o que eu ja tenho.
Ambição? É natural e circunstancial. Quase que uma lei da vida, senão acho que nem teria motivo pra sonhar (e quiçá viver, também!). Mas hoje o dia - repito: atribulado e complicadissimo - me serviu para esquecer dos problemas e perceber que tenho tudo de que preciso.

Tá, descobri que preciso namorar, e é só isso que me falta na listinha das necessidades básicas. Alguém se habilita? (Espero que isso não soe como algo do tipo: necessitado_está_à_procura acaba de entrar no chat).

domingo, 4 de outubro de 2009

Tardo término.

Por fim, termino tal quote
sem que até mesmo você se importe
o quão suja fora sua morte
depois de, enfim, execrar-te de mim.

E o que beirou mansinho,
e encheu de beijos a quem se desejou
agora está sozinho,
ansiando por carinho,
chorando bem baixinho
porque o verso acabou.


Abrir mão do futuro,
rebobinar a k7 que um dia eu gravei.
e abominar o tal sentimento
daquele amor que eu amei.

Esvaziar as rimas pobres
que se rimam de infinitivos pessoais
transpondo nos gerundios
sem pedir menos nem mais,
rubros cobres, azedos, amenos ou fatais.


Começou cedo,
excedeu-se o corpo.
Amar encarde
tardou-se o gosto
e gostou do alarde.
Deu-se fim ao início,
iniciou-se o fim,
e do mal que arde,
terminou tarde.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Aurélio e Houaiss: Vivam as definições.

Chifrar. Def.: ato de trocar carícias, beijos, afagos com outra pessoa extra à relação conjugal temporária ou permanente. Poligamia; Bigamia. Trair.
Às vezes penso que o ser humano deveria ficar estéril (ou sem seu respectivo órgão genital?) caso cometesse algo desse tipo. Todavia, certamente eu estaria sem pinto nessa altura do campeonato; afinal, atire a primeira pedra quem nunca, nem ao menos em pensamento, traiu alguém.
Mesmo assim, quando a gente gosta mesmo (intensifique o mesmo em negrito) da pessoa que está ao seu lado, não há Miss nem Mister Universo que faça você ser corno.
Corno? Ah, tem aquela velha piadinha: é tipo consórcio, um dia você será contemplado. No entanto, acho que a minha pureza (e não ingenuidade) é deveras existente, e faz daquela máxima algo ridiculo e insólito na minha vida. Pra quê chifrar alguém que te faz feliz? Pra quê trocar você por outro?
Ora, vamos brincar de Arnaldo Jabor em suas crônicas ou se opor à Rita Lee naquele velho sucesso musical: Amor é um, Sexo é dois?
Claro que não. Masturbe-se. Pronto, sexo consigo mesmo. Amar sozinho? Sofrimento podre e cru. Não dá e nem é legal. Destarte, rendo-me ao pedacinho que diz: Sexo é escolha, Amor é
sorte.
A gente não escolhe quem ama, não decide se tá na hora de amar ou não. Não é como ter um filho, ou estar pronto para gerar ou cuidar de um. É aquela velha conjunção estrelar, a qual eu ja me cansei de digitar em janelas de messenger, textos em blogs, depoimentos de orkuts. E daí? Não escrevi pra todas as pessoas que eu ja estive junto, afinal, até hoje não sei se tive mais dois ou três choques estrelares e espaciais que me fizeram sentir aquela coisa boa que nos confunde tanto. Escrevi pra mostrar que é assim que eu idealizo o meu jeito de amar. E talvez essa sorte me falte. Talvez seja essa droga de ilusão que ilude e sorte no negativo que me façam perceber o quão dificil é encontrar alguem pra chamar de Meu.

Independente disso, acho que é hora de ir lá retirar meu prêmio do consórcio e fazer bem uso do mesmo. Mas sem esquecer de duas coisas, as quais depois de ditas a mim em terceira pessoa como pedido ou ordem, agora repasso a vocês, em primeira pessoa: Acho que não devo dar tanta atenção nem cobrar tanto, e nem nada de ninguem, então. E o que uma pessoa como eu ainda está fazendo com alguém que faz esse tipo de coisa?

É, gostar de alguém é uma merda. Mas tem louco pra tudo; esses dias, mesmo, vi um vídeo de um cara que adorava comer cocô.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

22:47 - De: quatro letras - Para: seis letras. Mensagem: "Estou contigo aonde for".


É tarde e acabo de voltar do cursinho. Minha rotina anda complicada e, sem complicar nas palavras, hoje vou tentar ser o menos sentimental possível e ao mesmo tempo farei uso de todos os sentimentos que me transbordam agora.
Quando eu tinha uns doze ou treze anos, lembro-me de ter ido a uma formatura do pai de um amigo meu. Naquela época, eu ja andava meio confuso sobre meus ideais, meus gostos, minhas vontades e anseios. E todo o clima de formatura, baile e colação, me fizeram pensar que minha prima logo iria se formar, faltavam uns dois anos e logo seria ela abraçando ao Direito e abraçando o diploma. Tá, to me entortando todo pra dizer que a angustia tomou conta de mim quando me deparei com a dúvida: será que estarei tão confuso - ou mais -, daqui a dois anos? E tudo confirmou-se nos anos seguintes... As certezas foram se esclarecendo, tornando-se diáfanas diante dos meus olhos e lá estava eu, de terno e gravata andando de um lado a outro pensando no que pensara dois anos atrás. Hoje, aos meus dezoito anos, minha vida não beira a tranquilidade, mas algumas questões ja estão bem acertadas e conformadas dentro de mim... Sim, enrolei alguns parágrafos só para poder chegar aqui e dizer o que estou sentindo agora perante o fato de que as coisas não estão tão bem quando falo de nós dois. Talvez porque tudo estava indo bem demais? Talvez porque você desistiu no meio do percurso ou então por estar se fazendo de dificil e tendo prazer em me ver mal... Ou talvez não seja nada, mesmo; só uma fase, talvez.
Sabe, toda aquela história de usar alguem para ter outrem, dos meses separados, das brigas maduras e infantis e dos tantos outros probleminhas que ja passamos, foram todos marcados por uma característica marcante em nós dois.
Autenticidade. Quem sabe a sinceridade venha acompanhada também, mas ser autêntico é o que mais temos em comum, embora sejamos completamente opostos em tantos outros quesitos, né? Eu to escrevendo isso pra você tentar se lembrar de tudo o que a gente ja passou. Desde o primeiro beijo e a primeira mensagem pedindo pra você chegar mais perto, passando pelas brigas, pelas promessas e pelas desculpas, chegando até aos sorrisos, aos carinhos, às calças skinny - tanto a verde (suja?) quanto a bege (limpa... ainda), ao cafuné, wayfarers... E não para por aí, mas é melhor deixar nisso, o resto você lembra por conta.
O que eu to dizendo com tudo isso? Que nada é em vão, nada foi obra do acaso, bem ou mal marcado por visitas em profiles aleatórios... Por que não imaginar que tudo estava escrito? Ou então seja melhor acreditar em Destino? Bom, você é muito cético nesse ponto, finjamos que a vida quis que nos esbarrássemos e aqui estamos.
Juntos? Termino esse post de hoje, dizendo que a gente nunca deve mudar por uma pessoa, nossa essência sempre vai ser a mesma. Mas que quando gostamos de verdade, não precisa ser durão em esconder o que se sente, sequer manter essa imagem a olhos de quem, de longe, vê tudinho e acha graça; e, de pertinho, diz que a gente combina e merece estar junto. Junto? É... isso eu já deixo pra você mesmo responder.

domingo, 27 de setembro de 2009

4 + 6 = 10.

A que horas saí de casa, mesmo? Não me recordo ao certo, talvez umas onze da noite; ou um pouco antes. O carro prateado enegrecia-se diante da tempestade que acometia minha cidade - e minha vida, até pouco tempo atrás. Levaram-se horas para chegar onde queria, umidecidas de gargalhadas e regadas de músicas que suplicavam: Pelo amor de Deus, Jorge e Matheus. Jorge e Matheus é mais uma daquelas duplas sertanejas das quais vira-e-mexe aleatoriamente tocam em meu playlist. Porque está na moda gostar de sertanejo. Porque eu, então, estou na moda.
E pensando assim, desse jeito hipócrita a olhos de quem de longe me vê; por fim, cheguei.
Ao descer do carro percebo que de um lado havia a morena, do outro a loira. E que assim, deste modo, com elas permaneceria até que a chuva passasse - ou que alguem que tanto queria ver (e ter), chegasse.
De rimas pobres, acabei dentro do lugar. De rimas fáceis, cantei alto a fim de que me ouvissem. E a fim de que ensurdecesse diante dos fatos os quais minha vida vivera nos ultimos tempos.
"Eu quero e metade de mim que é você, o riso que irradia o mundo e que me faz viver".
O que se infere desta frase? Não é mais uma típica questão de vestibular na qual o excerto implica numa pergunta do tipo: circule os adjuntos adnominais e classifique o tipo de sujeito o qual você tanto anseia encontrar para ser sua metade.
"Seu olhar foi de encontro ao meu, e o meu destino está junto ao seu".
E desta? Talvez me faça perceber que o show tinha tudo pra ser melhor do que eu esperava. Saber que meu destino está junto ao seu é confortante. E importante, diante daquela velha história que a gente, desde abril, ja conhece. Afinal, "eu nao desisto do que eu quero, mas nao me desespero. Te espero". Talvez você devesse cantar esse pedacinho pra mim, até porque aqui estou outra vez, entortando o pescoço e te procurando incessantemente para logo poder dizer um oi tímido. E ainda bem, você apareceu. E ainda bem, não desistiu de mim.
E foi diferente de tudo saber que você estava lá, por mim, para mim e comigo. Desde os apertos na minha barriga, os beijos rápidos e devagar, você segurando a minha mão num sinal de promessa da presença, de estar sempre ali presente, mesmo ausente, até no cafuné antes da despedida.
Puxa... Sabe quando você sente que as coisas finalmente estão se encaixando? Que o sentimento está pareando, igualando? Talvez falte um pouquinho de romantismo, quiçá comprometimento. Mas isso vem com o tempo, não? Até porque ainda temos uma vida toda para comprar nossa máquina de lavar e nunca faltar caixinhas de sabão em pó pra deixar nossa história muito mais divertida. Sem esquecer que divertida rima com dolorida.

(Nota mental: começar a academia! Cansei de apanhar!)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

não dizer Jamais. nem Não, jamais.

Das lentes verdes só consigo enxergar aquilo que preciso. Almejar o incerto na procura do perfeito, ja foi feito e refeito no fértil azo de tentar acertar outra vez. Bobagem minha achar que não vou errar nunca - ou nunca mais. Acho frígido pensar em historias de prepotencia, as quais julgo cínicas e inanimadas, quando diante de mim a prepotencia não distancia-se mais do que dois palmos.

E agora? Desistir de admitir que também sou incapaz. Provar que posso mais do que pude e amar mais do que amara, num tempo qualquer perdido no espaço, em questão de dias atrás?

Ah, não sei o que escrever. Preciso, no entanto, dizer algo. Pensei num poema, unir fonemas, narrar histórias, tirar da memória o pranto, o espanto, o sorriso e o dilema.
Prosear em linhas puras, agradecer à liberdade poética, respeitar a fonética, reunir-me à estética e fazer das figuras que transitam por aqui um quadro a declarar.
Ousar sem terremotos, gritar baixinho e sussurrar fininho, explosões que demoliram todos meus sentimentos, lamentos emblemáticos. Fanáticos os que desacreditaram, mas vos digo que a pureza ainda permanece. Aquece e imanta os infantes que amaram e hoje ja sofreram por amor.
Amor rima com Dor. Dor esta é certeira, foi certa e morta a golpes duros. Golpes que saíram pela porta dos fundos, fugitivas corredeiras, corredias e sombrias, por onde escapas de mim, devagar, de repente, enfim.
Aperto com a maior força de todas, presumo que assim não escapes mais de mim. Destarte, quando o prolixo sujar-se de chocolate meio-amargo, o afago em teus cabelos não chamado de cafuné, estará execrado e inalado em todas minhas veias, chegando logo ao pulmão.
E de nãos me despeço rápido. E impeço que aos nãos abrace-te e não largues jamais. Solte o Jamais, também. Alie-se ao Para Sempre. É tudo diferente, mas não te esqueças de esquecer o Não. Apesar de que quando quiseres usá-lo, mesmo; quiçá queira o Jamais, também; use-o só para dizer que Não vais te esquecer de mim Jamais. Ou para rimar o Não com Coração. Jamais com Demais. E por fim, e por mim, terminar teus versos dizendo que Amas demais com teu coração. E que não vais, jamais, deixar de lado aquele que, com as estrofes mais simples, só pensa em ao teu lado estar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Início da Sessão: quinta-feira, 9 de abril de 2009

Hoje faz exatos cento e sessenta e sete dias que eu conheci quem por pouco deixei escapar, mas que sem orgulho pedi pra voltar. É complicado a gente admitir que errou. Mais complicado ainda é ser desculpado depois de se transtornar uma vida, na qual tão cedo já se perdia num percurso íngreme e confuso ora pelo ódio, ora pelo amor.
Abril foi um mês peculiar. Por sua causa. Pela primeira vez eu fui tão fácil a ponto de sair com alguém que mal conhecia, um dia depois de um 'oi virtual'. Pela primeira vez dei um beijo em alguem tão mais novo - e tão mais forte - que eu. E pela primeira vez percebi que não era eu quem mandava desta vez. Meu poder não se anulava, mas equiparava-se ao teu, fazendo-nos dois chefes de estado ou primeiros-ministros com uma só intenção: ganhar um ao outro - ou seria ganhar um do outro? Ah, bobagem essa troca de preposições, quando, na realidade, uma enchurrada de brigas brigavam consigo mesmas dentre as mais módicas problemáticas passando pelos assuntos de intensas e tensas canções, chegando até no momento em que alguns corações explodiam de felicidade - e logo depois eram bombardeados com um pouquinho de lágrimas de remorso.
Arrependimento? Puts, até pensei em me arrepender. "Aonde eu estava com a cabeça quando escolhi você pra mim?" ou "Como pude ser tão imaturo abrindo mão de tudo por alguém tão diferente de mim?". E foi o que eu fiz, larguei tudo. Desisti de ficar Sem Fala (ou no bom e velho ingles, Speechless). E, daí sim, veio o tal arrependimento.
Sim, afinal depois destas dezenas de dezenas de dias, hoje, com você de volta, consigo responder às perguntas que eu mesmo me fiz outrora. Aonde eu andava com a cabeça quando escolhi você pra mim? Quem se importa? Se você tem quinze, dezoito, vinte anos, não importa. Se você tem dinheiro, ja teve rubéola ou se teve gripe no inverno passado, não importa. Se você tem um ou dois carros, se é baixinho ou se nasceu pra jogar basquete. Não importa. Não me importo se você não sabe acompanhar meu vocabulário ou se tem dois ou vinte e dois pares de tênis. Muito menos se você gosta de chuva ou se prefere acampar no quintal da sua casa. Se aventura é o seu forte ou se tem paixão por futebol. Não importa se seu nome tem quatro ou seis letras, se você gosta dele ou não. O que importa, na verdade, é que mesmo a gente sendo tão diferente, temos a maior coisa em comum que poderia haver. Se for amor ou não, já não sei. Talvez seja até mais do que isso.
E esse sentimento estranho não são teus tênis nem meu vocabulário que determinam. É aquele maldito choque estrelar que acontece quando você encontra alguém imperdível. Algum tal inédito no qual a novidade é tão boa que veio pra ficar. E mesmo eu tendo esquecido essa novidade por algum tempo, revirei minhas coisas e percebi que não consigo viver sem ela.
E como pude ser tão imaturo abrindo mão de tudo por alguem tão diferente de mim? Ah, isso a gente deixa pra algum estudioso responder, afinal, depois dessas palavrinhas tantas - as quais você ja deve ter cansado de ler - todas escritas num endereço qualquer da internet, ja dá pra perceber o quão complexos e perplexos somos e ficamos perante essa coisa que a gente não sabe dar nome. Mas que, ja deu pra perceber, é a melhor coisa que alguém pode sentir por outrém.

Obrigado por me trazer de volta a vida. E obrigado por me fazer perceber que a felicidade estava tão pertinho de mim, bem embaixo do meu nariz.