quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Primeiro andar. Do verbo andar.

Como você agiria se de repente alguem surgisse em sua vida e a deixasse de pontacabeça?
Tocar o céu sem tirar os pés do chão, alçar os mais altos voos sem esquecer da hora de pousar. E a multidão lá embaixo? Olhares baixos, que se encaixam numa assonancia cheia de consoantes desiguais.
Sei lá, ele não sente mais graça nas coisas. O relógio anda de 61 em 61 minutos e as horas começam à zero hora, a cada dia. As músicas cantam mais alto, a agonia, o som ecoa no asfalto e vai longe, em sintonia. Unge seus pensamentos e vai até seu estado, subindo em direção ao sudeste, sul com leste, que investe tanto em querer outrem. E os ventos que vem do sul, violentos, sonolentos, que sopram até tão longe, e, sedentos, perdem o sono na madrugada... Eles chegam até você?
Hoje ele descobrira que o passado ja passou. O presente é agora, não demora, às 19:19. E o futuro é o que ele mais anseia, não perdoa o que permeia a pensar que daqui algum tempo ja serão 20:20. Até alguns minutos ele pensava no que escrever. Agora, tem certeza de que não sabe fazê-lo. Intangível, perceptível que não consegue. Insólitas rimas que rimam sentimento; isso nunca acontecera antes, movimento oblíquo, infante, solstício recheado de estranhezas de um sotaque diferente. Sotaque este que desceu em poucos dias de lá pra cá, desconhecendo consequências, baseado na presença, mesmo que imaginária, do indubitável desconhecido. Retorcido e lembrado, outrora esquecido por simplesmente desconhecê-lo.
É tudo tão desigual que se torna semelhante. Desata os laços, entrelaçados com virtudes em comum. Reata o sentimento, pérfido sentir, ofegante e nada volátil, retrátil, flexível.
E ele precisa andar, acabar com o distante, pensante, viajante, de lá pra cá, aqui. Precisa ir por um caminho só, sozinho, e vai buscar alguém. E o diferente a que ele tanto se refere... tsc, nem ele sabe quem é. Mas quem liga, se isso é tão bom de sentir e sonhar?
Falando em sonhar... Ele, de repente, sem medo de arriscar, num golpe rápido e seguro, com os dedos dormentes de estalos indecentes, imaturos, perante aos olhos maduros e racionais, resolve dizer: guarde um sonho bom pra mim. Só assim você vai descobrir que eu fui feito pra você.

3 comentários:

  1. quase um poema ''grandão''.
    Um doce sucumbido....

    adoro TEUS TEXTOS

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  2. Primeiro que eu gostei bastante do título, meio que causou um impacto imediato, um tanto quanto incômodo, mas tem que ser mesmo pra poder atingir de verdade, não é?
    Agora, paixonite é assim mesmo quando chega né, rs.. Engraçado esse negócio das horas passarem de 61 em 61 minutos, é bem verdade, que coisa, não?
    E, pra não perder o costume, vou eleger uma frase de efeito: "E os ventos que vem do sul, violentos, sonolentos, que sopram até tão longe, e, sedentos, perdem o sono na madrugada... Eles chegam até você?"
    Intrigante. :)

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  3. Mil, quanto talento! rs Adorei esse texto. É o primeiro que leio, e com certeza passarei a acompanhar o que você escreve aqui. Muito bom mesmo. Adorei...

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