domingo, 29 de novembro de 2009

Para Todos os Adultos

O advento da televisão trouxe informação. A criação dos automóveis encurtou as distâncias. Os eletrodomésticos facilitaram nossa vida. Guerras começaram e terminaram. Mortes. Conquistas, desenvolvimento, evolução. E a moda caminhou ao lado de todas essas transformações, absorvendo culturas, tradições, pensamentos e tecnologias, aperfeiçoando-se e tornando-se algo intrínseco ao ser humano.

Hoje vivemos o revival do luxo dos anos 20, das formas dos anos 40, das cores dos anos 80; porém, convivemos com o aquecimento global, com as tragédias diárias, com o desmatamento desenfreado e até mesmo o sonho utópico de um mundo melhor já se tornou insólito nas mentes dos adultos do futuro. Se a moda está tão presente em nossas vidas há tanto tempo, haveria de adequar-se à situação crítica que o mundo presencia hoje. Para isso, novas tecnologias foram criadas, tecidos recheados de conscientização foram apresentados e estilistas do mundo todo provam que não há futilidade, e sim preocupação por parte do Design de Moda, ao, a cada nova coleção, se mostrar sempre mais preocupado no que diz respeito ao ecologicamente correto.

Aliado a essa tanta importância com o meio ambiente, desvendaram-se possibilidades que comprovaram o fato dos tecidos tecnológicos, cada vez mais, terem ganhado seu lugar cativo na preferência dos estilistas e dos consumidores atuais. Mostraram-se vantagens no uso destes tecidos, como um melhor desempenho nos esportes, maior comodidade e conforto a quem usa tais criações e sem falar no fato da consciência de preservação acerca de todo o ecossistema natural da Terra.


Destarte, a moda permanece com sua condecoração de ativa preocupada e seguidora do cotidiano mundial; por mais que o revival das décadas passadas esteja nas ruas, não está em cópias fiéis do que se era vendido anos atrás. Uma releitura foi feita, deixando lacunas nas roupas que já foram tendência do passado. Porém, lacunas estas preenchidas ao carregar consigo os adicionais do presente, através do pensamento de preservação ecológica.


Por fim, dizem ser a moda a formadora de opinião, demarcadora de território e ditadora de tendências. E realmente ela é e faz uso desse poder ao mostrar para o mundo o problema que o planeta enfrenta atualmente, gerando soluções e deixando uma marca indelével na cabeça de todos os adultos de hoje sobre a legitima preocupação em melhorar a vida de seus descendentes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Primeiro andar. Do verbo andar.

Como você agiria se de repente alguem surgisse em sua vida e a deixasse de pontacabeça?
Tocar o céu sem tirar os pés do chão, alçar os mais altos voos sem esquecer da hora de pousar. E a multidão lá embaixo? Olhares baixos, que se encaixam numa assonancia cheia de consoantes desiguais.
Sei lá, ele não sente mais graça nas coisas. O relógio anda de 61 em 61 minutos e as horas começam à zero hora, a cada dia. As músicas cantam mais alto, a agonia, o som ecoa no asfalto e vai longe, em sintonia. Unge seus pensamentos e vai até seu estado, subindo em direção ao sudeste, sul com leste, que investe tanto em querer outrem. E os ventos que vem do sul, violentos, sonolentos, que sopram até tão longe, e, sedentos, perdem o sono na madrugada... Eles chegam até você?
Hoje ele descobrira que o passado ja passou. O presente é agora, não demora, às 19:19. E o futuro é o que ele mais anseia, não perdoa o que permeia a pensar que daqui algum tempo ja serão 20:20. Até alguns minutos ele pensava no que escrever. Agora, tem certeza de que não sabe fazê-lo. Intangível, perceptível que não consegue. Insólitas rimas que rimam sentimento; isso nunca acontecera antes, movimento oblíquo, infante, solstício recheado de estranhezas de um sotaque diferente. Sotaque este que desceu em poucos dias de lá pra cá, desconhecendo consequências, baseado na presença, mesmo que imaginária, do indubitável desconhecido. Retorcido e lembrado, outrora esquecido por simplesmente desconhecê-lo.
É tudo tão desigual que se torna semelhante. Desata os laços, entrelaçados com virtudes em comum. Reata o sentimento, pérfido sentir, ofegante e nada volátil, retrátil, flexível.
E ele precisa andar, acabar com o distante, pensante, viajante, de lá pra cá, aqui. Precisa ir por um caminho só, sozinho, e vai buscar alguém. E o diferente a que ele tanto se refere... tsc, nem ele sabe quem é. Mas quem liga, se isso é tão bom de sentir e sonhar?
Falando em sonhar... Ele, de repente, sem medo de arriscar, num golpe rápido e seguro, com os dedos dormentes de estalos indecentes, imaturos, perante aos olhos maduros e racionais, resolve dizer: guarde um sonho bom pra mim. Só assim você vai descobrir que eu fui feito pra você.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

15:15

Alguém se empolga fácil. Eu também.

Jamais ouvira algo obscuro, jeitoso ouvir assim obediente.
Métrica, imagens laicas também observavam nada.
e Minhas ideias litigiosas temiam o não.
Que depois de horários iguais, de reais tentativas e fictícios sonhos ante aos fiéis desejos, meus olhos, gênios e geniosos, leem:
- Tá, vou tentar, mas não vai se acostumando não.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Exagerado

[...] e é quem tem uma palavra sob medida
quando estes mesmos olhos
estão amplificando tristeza interior.

Demarcado por descompassadas melodias, ele ouve as músicas do século passado com o mesmo entusiasmo de um lançamento amplificado nas paradas de sucesso. A morte tarda - ou não. A vida custa, e cursa em dilemas, poemas com morfemas cheios de vocábulos incomuns.
E aquela velha e farsante historia de que a lua ilumina? É o sol quem aquece.

O sol é o mesmo, tanto a mim quanto a ele.
Correções módicas, insólita sabedoria de quem vive cá e lá.
Porquanto não sabera, desconheceu toda uma vida a qual chamei de minha.
Enquanto não me viveu, desvairou-se à procura, sem procurar precedentes.
E então achou. Achou-me e achei.
Aquilo que nunca se procurou, mas sempre quis ter.
Aquele o qual, tal qual sobrevive ao sudeste torrencial, deleita-se entre concursos anuais de quão parecido é ao que nunca soube quem era.

E ele é o sol. Que vem de longe, sul abaixo. Que sobe a serra, pico acima.
E ele sou eu.

De tão perto, distante.

O corpo suado já não surtia mais prazer. O calor curtido naquele quarto mofado onde as paredes gemiam ao anoitecer fora-se para outro corpo qualquer, que àquela porta, cuja dobradiça enferrujava num grunhido agonizante, deixava não só seu prazer em forma de ancestrais dentro dela, mas também a esperança de que todo aquele tormento terminaria.
Seus cabelos loiros, falsos de fetiche; suas raízes, negras como breu. Eclipse o qual entranhava os sentidos, gritos de quem paga, omissões de quem sofre. Corpo que seduz, sentidos que aguçam, pernas torneadas onde saltos e saias delimitavam o percurso a ser seguido. Uniformemente o uniforme era aquele. O menos possível para causar a máxima repercussão possível.
Rotina incisa, que incessantemente tornava o dinheiro ora dentre o sutiã, ora dentre o espartilho, repetia-se, indubitável e pleonasticamente por todas as madrugadas. A troca de olhares, a revista clínica, a troca de palavras – sempre breves -, o quarto, os lençóis, as expressões, as calças que iam ao chão, vestimentas jogadas e o jogo que começara com um fim marcado e sabido.
Franca franqueza da fraca mulher, afiada feito faca, frágil com sua farda, fabulosa ousadia. Tremendo poderio, que transformava prazer em reais. Discrição era lei, promiscuidade idem. Palavras não tão carinhosas entreolhavam-se perante o colchão, escalavam o travesseiro, agrupavam-se por frases até os ouvidos dela.
- Cachorra, vagabunda - Sente aqui, vadia - Desce logo, engole tudo.
Falsos prazeres, mascarados por fantasias da morte. Morrer seria procrastinado pela súbita morte de não poder cometer seu próprio suicídio. No entanto, depois de longos árduos anos de sensualidade, ela já não era mais a mesma. Certo vulgar a engravidou, certa barriga crescera, certos seios caíram, certa excitação pôs-se um fim em si própria.
Anos que corriam e lá estava ela, na mesma rua a espreita da espera. Um trocado já bastava. A saia estava justa, sinal de coxas grossas? O sapato lascado, sinal de trabalho? O espartilho já enfraquecera os elásticos de ferozes e vorazes mordidas de caras quaisquer. Sinal de sacrifício.
Estava decidido. Anos de sacrifício finalmente trariam uma recompensa: o seu sacrifício. Era cedo, o sol ainda intimidara-se pelo desgosto de ver encenação de orgasmos voluntários. O jorro do prazer ainda estava dentro dela, o filho de doze anos ainda estava a dormir. Com uma arma apontada na nuca, ela, sem nome, finalmente conseguiu ser feliz. Longe daqui.